"No hay porvenir sin Marx. Sin la memoria y sin la herencia de Marx: en todo caso de un cierto Marx: de su genio, de al menos uno de sus espíritus. Pues ésta será nuestra hipótesis o más bien nuestra toma de partido: hay más de uno, debe haber más de uno." — Jacques Derrida

"Los hombres hacen su propia historia, pero no la hacen a su libre arbitrio, bajo circunstancias elegidas por ellos mismos, sino bajo aquellas circunstancias con que se encuentran directamente, que existen y les han sido legadas por el pasado. La tradición de todas las generaciones muertas oprime como una pesadilla el cerebro de los vivos. Y cuando éstos aparentan dedicarse precisamente a transformarse y a transformar las cosas, a crear algo nunca visto, en estas épocas de crisis revolucionaria es precisamente cuando conjuran temerosos en su auxilio los espíritus del pasado, toman prestados sus nombres, sus consignas de guerra, su ropaje, para, con este disfraz de vejez venerable y este lenguaje prestado, representar la nueva escena de la historia universal" Karl Marx

22/3/16

Esboço de uma crítica marxista da teoria da “utilidade marginal”

Karl Marx ✆ Tellez 
Seiji Seron   /   Em 1919, o dirigente bolchevique Nikolai Bukharin publicou pela primeira vez seu livro Teoria econômica da classe rentista (Economic theory of the leisure class). Este livro, praticamente desconhecido no Brasil – e ainda sem tradução em português – é, talvez, a melhor crítica marxista já escrita da teoria econômica burguesa ensinada até hoje nas universidades de economia.

Exilado pelo regime czarista em 1911, Bukharin rapidamente foge da Sibéria em direção à Viena, onde assiste às palestras do prof. Eugen Bohm von Bawerk, um dos principais nomes da Escola Austríaca de economia, a mesma de Ludwig von Mises – “menos Marx, mais Mises” –, Friedrich A. Hayerk e Murray Rothbard, alguns dos heróis do panteão MBL. Durante seus seis anos de exílio, Bukharin se ocupará “com o plano de formular uma crítica sistemática da economia teórica da nova burguesia” e, especialmente, de Bohm-Bawerk, até retornar à Rússia, em 1917 (Preface to the Russian Edition). Neste artigo –, que queremos que seja só o primeiro de vários –, faremos um resumo do segundo capítulo do livro de Bukharin.
Da Economia Política às “econômicas”
Nas faculdades de economia burguesas, frequentemente se diz que a economia “é uma ciência social que estuda a administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos”, uma definição do estadunidense Paul Samuelson (1915-2009).

Ora, o nome de Karl Marx quase sempre aparece nos resultados de pesquisa do Google, ou na Wikipédia, junto de alguns “rótulos”: escritor, jornalista, filósofo, revolucionário, etc. Um desses rótulos, geralmente, é o de “economista”. Mas os textos “econômicos” de Marx, por nunca foi um economista. Nem mesmo o próprio Marx se considerava um economista político, mas sim um “crítico da Economia Política” clássica de Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823).

Adam Smith, autor do famoso tratado sobre A Riqueza das Nações, foi também o inventor da expressão “mãos invisíveis” do mercado. Embora fosse um liberal, Smith tornou-se um economista ainda na época “revolucionária” da burguesia, em luta contra o Antigo Regime dos reis e da nobreza parasitária feudal. Suas teorias não eram simplesmente estudos sobre a administração de recursos escassos, mas sim “uma teoria social, um elenco articulado de ideias que buscava oferecer uma visão do conjunto da vida social”, das relações sociais capitalistas que estavam surgindo da crise do Antigo Regime. (Economia Política, J. Paulo Netto, p. 29). Por isso, o que se chama, hoje, somente de “economia”, naquela época chamava-se “Economia Política”.

A Economia Política surgiu como uma arma de guerra da nascente classe burguesa contra o Antigo Regime. Por isso, os economistas políticos clássicos desenvolveram essa “arma” em torno da teoria do valor-trabalho, simplificadamente, a ideia de que a fonte da riqueza das nações é o trabalho, que caiu como uma luva contra àquela nobreza reacionária, que não trabalhava mas tinham todo o poder e a riqueza. Mas a teoria do valor-trabalho é uma teoria revolucionária não só em relação ao feudalismo, mas também à burguesia, pois, se a fonte da riqueza é o trabalho, porque os capitalistas ficam cada vez mais ricos, mas, em comparação, os trabalhadores ficam cada vez mais pobres?

A teoria do valor-trabalho expunha um ponto vital da burguesia: a mais-valia, simplificadamente, a ideia de que os capitalistas ficam cada vez mais ricos porque enriquecem às custas não do próprio trabalho, mas sim do trabalho dos outros. Por isso, a burguesia, depois de ter construído “um mundo à sua própria imagem”, se empenha em tentar refutar, em negar a descoberta científica da teoria do valor-trabalho tanto quanto o diabo se empenha em fugir da cruz. As teorias de Eugen Bohm von Bawerk (1851-1914) surgem nessa tentativa, e é contra essas teorias que Bukharin dedica um bom tempo dos seus seis anos de exílio à Teoria econômica da classe rentista.

Bohm-Bawerk é – junto com Carl Menger (1840-1921), William Stanley Jevons (1835-1882) e Leon Walras (1834-1910) – um dos arquitetos da “contrarrevolução marginalista” do final do século XIX, que não passa de uma reelaboração mais sofisticada, mais “perfumada” das teorias daqueles que Marx chamou de “economistas vulgares”, por exemplo, William Nassau Senior (1790-1864), Frédéric Bastiat (1801-1854), Jean Baptiste Say (1767-1832). A partir das teorias vulgares, os marginalistas tentaram criar uma teoria do valor alternativa à teoria do valor-trabalho: a teoria do valor subjetivo, ou valor-utilidade, ou “utilidade marginal”.

Nas faculdades de economia burguesas, a teoria da utilidade marginal é considerada o começo da economia “científica”, e a teoria do valor-trabalho de Marx, baseada na Economia Política clássica, uma teoria enviesada e pré-científica. O termo Economia Política (em inglês, Political Economy) é, então, abandonado, e a ”nova” ciência é batizada Economia tão somente (em inglês, Economics); supostamente apolítica, neutra e imparcial, “que estuda a administração de recursos escassos”, ou seja, que relações supostamente técnicas, entre pessoas e coisas, e não as relações sociais, entre pessoas.
O que é “valor”?
Simplificadamente, Bukharin define valor como “o padrão determinante dos preços”, aquilo que determina os preços. Ora, numa economia capitalista, o “preço, e, portanto, o padrão determinante dos preços, que é o valor, é a categoria fundamental que abrange tudo” (Idem). Ou seja, salário, lucro, juros, etc., tudo do capitalismo depende dessa categoria chamada valor. Mas o que é realmente esse padrão? O que determina os preços? O que é, de fato, o valor? De que é feito o valor, o que constitui valor, qual o “conteúdo” do valor?

Na teoria de Marx, o valor é uma relação entre dois fenômenos sociais: 1) o preço e 2) a produtividade do trabalho. Na teoria de Bohm-Bawerk, o valor é uma relação entre 1) o preço e 2) as preferências subjetivas, psicológicas, as avaliações individuais dos consumidores. Ou seja, na teoria de Bohm-Bawerk, o valor é uma relação entre um fenómeno social, o preço, e um fenômeno individual. Por isso, Bukharin diz que a teoria do valor de Marx é uma teoria objetiva, e a teoria de Bohm-Bawerk é uma teoria subjetiva: porque, na teoria de Marx, o valor é uma relação social, entre pessoas; na teoria de Bohm-Bawerk, o valor é uma relação individual, entre uma pessoa e uma coisa.

Segundo Bohm-Bawerk, o valor depende de qual é a utilidade daquela coisa pr’aquela pessoa, ou seja, o padrão determinante dos preços é a utilidade das mercadorias.

Enquanto que, com Marx, a utilidade é só a condição para a origem do valor, sem determinar o grau do valor [ou seja, sem determinar o preço] Bohm-Bawerk deriva o valor inteiramente da utilidade e o torna a expressão direta desta última (C. 2-2 Utility and Value (Subjective)).
Os dois pontos de vista da mercadoria
No primeiro capítulo d’O Capital – “A Mercadoria” –, Marx escreveu que, no capitalismo, o trabalho tem um “duplo caráter”, ou “dupla natureza”: uma natureza qualitativa e uma natureza quantitativa. Por isso, as mercadorias “podem ser consideradas sob um duplo ponto de vista: o da qualidade e o da quantidade”. O ponto de vista qualitativo da mercadoria é o ponto de vista da utilidade da mercadoria, ou seja, quais são as necessidades ou desejos que aquela mercadoria satisfaz. Já o ponto de vista quantitativo é o ponto de vista daquilo que Bukharin chama de “produtividade do trabalho”, ou seja, do “tempo de trabalho socialmente necessário”, simplificadamente, de quanto tempo uma mercadoria demora até ficar pronta e de quanto esforço exige produzir essa mercadoria, quanto dispêndio de nervos e músculos.

Por que Marx diz que o ponto de vista da utilidade das mercadorias équalitativo, e não quantitativo. Porque cada mercadoria tem a sua utilidade particular.

Nem toda mercadoria tem a mesma utilidade. Algumas mercadorias podem satisfazer várias necessidades diferentes. A água tem várias utilidades, por exemplo: beber, cozinhar, tomar banho, lavar a louça, as roupas, etc. Além disso, algumas necessidades possam ser satisfeitas por várias mercadorias diferentes, por exemplo, uma pessoa pode comer arroz e feijão, ou pode comer macarrão. Mesmo assim, não existe nenhuma utilidade universal, comum a todas as mercadorias. Cada mercadoria tem a sua utilidade particular.

Mas, se não existe nenhuma utilidade universal, comum a todas as mercadorias, também não é possível comparar as mercadorias do ponto de vista da utilidade. Então como é que o preço das mercadorias é determinado pela utilidade?

Marx responde: não é! O preço das mercadorias NÃO pode ser determinado por algo particular a cada uma delas, porque o que éparticular de cada mercadoria não pode ser comparado, uma com as outras. Por isso, o padrão determinante dos preços, o valor, só pode ser algo universal, que seja comum a toda e qualquer mercadoria, sem exceção: pois só aquilo que é comum é passível de comparação. E o que é esse algo universal? Qual é a única coisa comum a toda e qualquer mercadoria, sem exceção? Que todas as mercadorias são produtos do trabalho.

Cada mercadoria particular é produzida por um tipo diferente de trabalho, por exemplo, o trabalho de um operário gráfico ou ceramista é diferente do de um metalúrgico, ou de um bancário, professor, metroviário, etc. Mas todos esses trabalhos não são nada mais, nada menos que dispêndio de nervos e músculos em função do tempo, e esse dispêndio em função do tempo é passível de ser medidoquantitativamente, por exemplo, em “horas de trabalho”. Portanto, o trabalho é algo comparável. As necessidades e desejos humanos não. Por isso, o valor, ou seja, o padrão determinante dos preços só pode ser o trabalho, nunca a utilidade.
O paradoxo da água e do diamante
Mas, se o valor das mercadorias depende do trabalho... o lucro do patrão também! Por isso, a burguesia precisa negar a descoberta científica da teoria do valor-trabalho. Mas, se a única coisa comum a toda mercadoria é ser produto do trabalho, como medir e comparar quantitativamente as mercadorias sem se expor ao golpe fatal da mais-valia? Ora, segundo Marx, a mercadoria “pode ser considerada sob um duplo ponto de vista”, o da utilidade e a do esforço necessário à sua produção. “Então, façamos da utilidade algo possível de medir e comparar”, responderam os marginalistas.

Ou seja, a suposta “refutação” de Marx por Bohm-Bawerk não passa de uma tentativa fracassada de nos convencer que é possível medir e comparar necessidades e desejos humanos e, consequentemente, as utilidades das várias mercadorias. Por isso, a teoria de Bohm-Bawerk é uma salada. Por exemplo:

Segundo Bohm-Bawerk, a utilidade (em inglês, utility) “se expressa de duas formas essencialmente diferentes; a forma inferior está presente sempre que uma mercadoria em geral tem a capacidade de servir ao bem-estar humano. A forma superior, por outro lado, requer que a mercadoria seja não só causa eficiente, mas, simultaneamente, condição indispensável de um bem-estar resultante [...]. O estágio inferior é denominado utilidade [em inglês, usefullness]; o superior, valor”. Por exemplo, a relação de um copo d’água ao “bem-estar humano” é diferente no caso de uma pessoa sentada perto de “uma fonte que proporciona uma oferta abundante de água potável” e no caso de “outro homem, um viajante no deserto” (Bohm-Bawerk, cit. Bukharin, C. 2-2).
No primeiro caso, o copo d’agua não pode ser considerado como uma condição indispensável; mas no último caso, sua utilidade é de um grau “extremo”, já que a perda de um único copo d’água pode ter consequências sérias para o nosso viajante. (C. 2-2)
Por isso, Bukharin diz que o ponto de partida da teoria de Bohm-Bawerk é a “utilidade certificada” (Idem). Simplificadamente, Bohm-Bawerk diz as utilidades são passíveis de comparação porque há utilidades “extremas”, “indispensáveis”, ou seja, algumas utilidades são mais importantes, enquanto outras são menos importantes. Mas de que maneira a utilidade maior ou menor de uma mercadoria influencia no seu preço?

Ironicamente, ao dizer que algumas necessidades são mais importantes e outras, menos importantes, Bohm-Bawerk vai de encontro a uma frase muito famosa nas faculdades de economia, mesmo economia burguesa:
Nada é mais útil que a água, mas ela não pode comprar quase nada; quase nada pode ser obtido em troca dela. Um diamante, pelo contrário, quase não tem nenhum valor em uso [nenhuma utilidade], mas uma quantidade muito grande de outros bens pode frequentemente ser obtido em troca dele.
O autor desta frase é ninguém mais, ninguém menos que Adam Smith, aquele Economista Político que inventou a ideia das “mãos invisíveis” do mercado.
Toda avaliação subjetiva é, sempre, avaliação de utilidade?
Até um economista burguês como Adam Smith já sabe, desde muito tempo antes de Marx ou Bukharin, que a utilidade jamais poderia ser o padrão determinante dos preços, o valor.
É característico do modo moderno de produção, acima de tudo, que este não produz para as necessidades do próprio produtor, mas para o mercado. O mercado é o último elo numa corrente de variadas formas de produção, na qual a evolução das forças produtivas, e a correspondente evolução das relações de troca destruiu o antigo sistema de economia natural e suscitou novos fenômenos económicos (C. 2-2).
Nesse processo de transformação da “economia natural” em economia capitalista, Bukharin distingue três estágios. No primeiro estágio, “o centro de gravidade se situa na produção para o consumo próprio”, só o excedente, aquilo que “sobra” e que não é imediatamente consumido pelo produtor é posto à venda no mercado. “Gradualmente, a evolução das forças produtivas e a ameaça da competição leva a uma mudança no centro de gravidade em direção à produção para o mercado”, mas, mesmo nesse segundo estágio, boa parte de tudo que é produzido ainda é consumido por quem produziu (Idem).

Segundo Bukharin, as condições desse segundo estágio ainda podem ser observadas com frequência na agricultura camponesa. “Ainda assim, isso não implica uma cessação”, uma interrupção “do processo de evolução. A divisão social do trabalho continua avançando, alcançando finalmente um nível no qual a produção em massa para o mercado torna-se um fenômeno típico” e nenhum dos produtos é consumido pelos próprios produtores (Idem). Na teoria de Bohm-Bawerk, o valor é uma relação entre o fenômeno social do preço e o fenômeno psicológico, ou seja, individual das avaliações subjetivas dos consumidores. Mas será que está relação é a mesma, é igual em todos os três estágios que Bukharin distingue?

Não. Numa economia natural, por exemplo, numa tribo indígena, com poucos recursos e pouco produtiva em comparação com a indústria, tudo aquilo que é produzido tem uma utilidade “certificada”. Mas, na medida em que a economia se torna mais produtiva, ou seja, na medida em que há mais “sobra”, mais excedente, cada vez menos esses produtos excedentes são avaliados de acordo com a utilidade, com que necessidades ou desejos satisfazem, pois já não tem utilidade pr’aqueles que os produziram, antes de mais nada. Até que, finalmente, a produção que é propriedade dos capitalistas, da burguesia, já não tem mais nenhuma utilidade que não seja a venda.
Por conseguinte, é precisamente a completa ausência de avaliações baseadas na utilidade das mercadorias que é característica das economias que as produzem (Idem).
Mas e os compradores? Os produtos postos à venda podem não ter utilidade pr’aqueles que estão vendendo, mas se esses produtos não tivessem utilidade nenhuma a não ser a venda, ninguém os compraria! Bukharin não disse que, na teoria de Marx, a utilidade é “condição para origem do valor”?
Bohm-Bawerk, o pecador
Adam Smith é economista burguês, mas é um economista da época revolucionária da burguesia, quando ainda interessava à essa classe provar cientificamente que a fonte da riqueza é o trabalho.

Hoje em dia, a burguesia não fala mais de “trabalho”, mas de “mérito”, pelo mesmo motivo que tenta nos convencer de que o valor depende da utilidade, e não do trabalho: porque a conclusão que se chega a partir das descobertas científicas da própria burguesia, naquela época em que a burguesia era uma classe revolucionária em luta contra o Antigo Regime feudal, é que a nova sociedade burguesa ainda é baseada na exploração do homem pelo homem tanto quanto aquela sociedade que lhe antecedeu, portanto, a burguesia é uma classe exploradora historicamente condenada, e que “cria seu próprio coveiro”: a classe trabalhadora, o proletariado.

Mas uma “caracterização sociológica” como essa da teoria de Bohm-Bawerk “não nos livra da responsabilidade de travar uma guerra contra ela mesmo no campo de uma crítica puramente lógica” (Preface to the Russian Edition) . Por isso, vamos supor que Bohm-Bawerk estivesse certo, ou seja, que o valor fosse uma relação entre os preços e as avaliações subjetivas dos consumidores, e não a produtividade do trabalho, como diziam Smith e Marx. Mesmo assim, Bohm-Bawerk estaria numa enrascada. Por quê?

Por exemplo – um exemplo do próprio Bohm-Bawerk – uma dona de casa fazendo as compras do mês:
Se, com a mesma quantia de dinheiro, nós pudermos comprar uma dúzia de bananas, ou meio quilo de feijão e três maçãs, ou meio quilo de feijão e duas garrafas de água sanitária, ou... etc., cada pessoa comprará aquelas mercadorias que tiverem a maior utilidade segundo suas avaliações individuais. Mas essas avaliações individuais pressupõem tanto os preços das mercadorias que vamos comprar no mercado quanto a quantia inicial de dinheiro com que vamos lá. Tanto os preços das mercadorias quanto a quantia de dinheiro inicial são “dadas”, ou seja, as duas coisas já estão pré-estabelecidas antes mesmo de irmos ao mercado, e é “somente dentro desses limites que uma certa avaliação baseada na utilidade pode ser praticada” (Idem).
Ora, o próprio Bohm-Bawerk (cit. Bukharin, C. 1-1 Objectivism and Subjectivism in Political Economy) diz que é um pecado capital de método ignorar, presumir, tomar por certo ou como “dado” aquilo que se deve explicar. Mas as avaliações individuais dos compradores dependem dos preços!

Segundo a teoria de Bohm-Bawerk, o valor é a relação entre os preços e as avaliações individuais dos consumidores. Mas, se as avaliações individuais dependem dos preços, será que, no final das contas, o valor é a relação entre os preços e os preços? Será que o padrão determinante dos preços é a relação entre preço e preço?

A teoria do valor é a teoria do padrão determinante dos preços. Ao tentar nos convencer que o valor depende da utilidade, e não do trabalho, a teoria do valor de Bohm-Bawerk se transforma num círculo vicioso: os preços dependem das avaliações individuais dos consumidores, mas as avaliações dos consumidores também dependem dos preços. Consequentemente, o próprio Bohm-Bawerk e o seu viajante no deserto cometem um pecado capital de método: tomam como dado aquilo que se deve explicar, ou seja, o próprio preço!
Cão que ladra não morde
Neste artigo, fizemos um resumo de só um dos cinco capítulos deTeoria econômica da classe rentista de Bukharin.

Além de um dos arquitetos da teoria da utilidade marginal, Bohm-Bawerk também criticou teoria de Marx da mais-valia a partir da teoria do valor subjetivo, ou seja, segundo Bohm-Bawerk, os trabalhadores não são explorados porque o valor excedente ao final do processo produtivo, simplificadamente, o lucro não é produzido por um tempo de trabalho não pago, mas por uma preferência subjetiva de bens presentes sob bens futuros – quem sabe, um tema para os próximos artigos – e também foi o inventor do “problema da transformação” dos valores em preços de produção, relacionado ao terceiro livro d’O Capital.

As “contribuições” de Bohm-Bawerk à economia foram quase todas feitas contra a teoria de Marx. Mas, no começo do século XX, o novomainstream marginalista se dividiu. Nas universidades, as teorias de Bohm-Bawerk foram incorporadas, na medida em que eram úteis contra Marx, à um currículo cada vez mais “técnico” e matemático, muito influenciado pelo britânico Alfred Marshall (1842-1924). Essa teoria “acadêmica” que se estuda nas faculdades até hoje é chamada economia neoclássica, e foi nesse paradigma neoclássico burguês que tanto o “intervencionista” e “estatista” John Maynard Keynes quanto o neoliberal Milton Friedman se formaram.

Mas não dessa economia neoclássica que saem as bizarrices do MBL. A Escola Austríaca de economia de Bohm-Bawerk e Mises é tão absurda que nem mesmo a burguesia ousaria educar seus principais quadros – os funcionários do Ministério da Fazenda, do Banco Central, etc., e das grandes empresas e bancos privados que investem nas bolsas – nessa Escola. Por exemplo, os austríacos acham que não deveria existir Banco Central nem a moeda oficial, o Real, e que cada banco, cada empresa e até mesmo cada pessoa deveria emitir sua própria moeda, e “o mercado dirá” quanto cada uma vale! Dizem também que “neoliberalismo” é uma invenção da esquerda e que Ronald Reagan, Margaret Thatcher e o Consenso de Washington são “neo-intervencionistas”!

Outra invenção dos austríacos incorporada à academia neoclássica foi o suposto “problema” do cálculo econômico no socialismo, simplificadamente, a ideia de que, se o Estado é proprietário de todos os meios de produção, não há como calcular os preços dos meios de produção, porque esses meios não são comprados e vendidos, mas só transferidos “internamente” de uma parte do Estado à outra. Que problema! Nem parece que a humanidade viveu à maior parte da sua existência SEM precisar calcular preços!

Os austríacos ficam bolados porque Margaret Thatcher andava com um caderninho de citações de Friedrich Hayek, mas supostamente nunca governou segundo a cartilha dos austríacos. A Escola Austríaca é especialista em criticar Marx, mas a burguesia só recorre à teoria austríaca... contra Marx! Quando se trata da “vida real”, de governar um país ou de administrar uma empresa, não tem Kim Kataguiri que dê conta do recado.
http://www.esquerdadiario.com.br/

◆ El que busca, encuentra...

Todo lo sólido se desvanece en el aire; todo lo sagrado es profano, y los hombres, al fin, se ven forzados a considerar serenamente sus condiciones de existencia y sus relaciones recíprocasKarl Marx

Not@s sobre Marx, marxismo, socialismo y la Revolución 2.0

— Notas notables
Cecilia Feijoo: Apuntes sobre el Concepto de Revolución Burguesa en Karl Marx — Red Diario Digital
Moishe Postone: Il compito della teoria critica oggi: Ripensare la critica del capitalismo e dei suoi futuri — Blackblog Franco Senia
Pierre-Yves Quiviger: Marx ou l'élimination des inégalités par la révolution — Le Point
Hernán Ouviña: Indigenizar el marxismo — La Tinta
Emmanuel Laurentin: Les historiens américains et Karl Marx — France Culture
Adèle Van Reeth: Le Capital de Karl Marx: La fabrique de la plus-value — France Culture
Manuel Martínez Llaneza: Reproches a Marx acerca de El Capital (Bajo la égida de Friedrich Engels) — Rebelión
Victoria Herrera: Marx y la historia — Buzos
Alejandro F. Gutiérrez Carmona: La vigencia del pensamiento marxista — Alianza Tex
Víctor Arrogante: El Capital y las aspiraciones de la clase trabajadora — Nueva Tribuna
Mauricio Mejía: Karl Marx, el poeta de la mercancía — El Financiero
Emmanuel Laurentin: Karl Marx à Paris: 1843-1845 — France Culture
Jacinto Valdés-Dapena Vivanco: La teoría marxista del Che Guevara — Bohemia
Aldo Casas: El marxismo como herramienta para la lucha — La necesidad de la formación en la militancia — La Tinta
Evald Vasiliévich Iliénkov: La dialéctica de lo abstracto y lo concreto en El Capital de Marx — Templando el Acero
Vincent Présumey: Suivi des écrits de Karl Marx / 1837-1848 - Part I, Part II, Part III & Part IV — Mediapart
Roman Rosdolky: Marx ésotérique et Marx exotérique — Palim Psao
Lepotier: Marx, Marxisme, Cui bono? — Bella Ciao
Andrea Vitale: La critica di Pareto a Marx: una abborracciatura — Operai e Teoria
Annelie Buntenbach: Marx provides us with a glimpse behind the scenes of capitalism — Marx 200
Antoni Puig Solé: La Ley del Valor y la ecología en Marx — Lo que somos
Vladimiro Giacché: Note sui significati di "Libertà" nei Lineamenti di Filosofia del Diritto di Hegel — Il Comunista
Salvador López Arnal: Manuel Sacristán (1925-1985) como renovador de las tradiciones emancipatorias — Rebelión
Paúl Ravelo Cabrera: Marx, Derrida, el Gesto Político y la supercapitalización mundial — Scribb
Dino Greco: In difesa del marxismo — Sollevazione
Alberto Quiñónez: Arte, praxis y materialismo histórico — Rebelión
Josefina L. Martínez: Feminismo & Socialismo marxista - Eleanor Marx, la cuestión de la mujer y el socialismo — Rebelión
John Bellamy Foster: Marx y la fractura en el metabolismo universal de la naturaleza — Scribb
José Manuel Bermudo Ávila: Concepto de Praxis en el joven Marx — Scribb
Carlos Oliva Mendoza: Adolfo Sánchez Vázquez: ¿marxismo radical o crítica romántica? — InfoLibre
Bernardo Coronel: ¿El marxismo es una ciencia? — La Haine
Sylvain Rakotoarison: Le capitalisme selon Karl Marx — Agora Vox

— Notas y comentarios sobre El Capital
António Ferraz: Os 150 anos do livro ‘O Capital’, de Karl Marx — Correio do Minho
Horacio Tarcus: Traductores y editores de la “Biblia del Proletariado” - Parte I & Parte II — Memoria
Emmanuel Laurentin: Le Capital, toujours utile pour penser la question économique et sociale? — France Culture
J.M. González Lara: 150 años de El Capital — Vanguardia
Roberto Giardina: Il Capitale di Marx ha 150 anni — Italia Oggi
Alejandro Cifuentes: El Capital de Marx en el siglo XXI — Voz
Marcela Gutiérrez Bobadilla: El Capital, de Karl Marx, celebra 150 años de su edición en Londres — Notimex
Mario Robles Roberto Escorcia Romo: Algunas reflexiones sobre la vigencia e importancia del Tomo I de El Capital — Memoria
Antoni Puig Solé: El Capital de Marx celebra su 150° aniversario — Lo que Somos
Jorge Vilches: El Capital: el libro de nunca acabar — La Razón
Carla de Mello: A 150 años de El Capital, la monumental obra de Karl Marx — Juventud Socialista del Uruguay
Rodolfo Bueno: El Capital cumple 150 años — Rebelión
Diego Guerrero: El Capital de Marx y el capitalismo actual: 150 años más cerca — Público
José Sarrión Andaluz & Salvador López Arnal: Primera edición de El Capital de Karl Marx, la obra de una vida — Rebelión
Sebastián Zarricueta: El Capital de Karl Marx: 150 años — 80°
Marcello Musto: La durezza del 'Capitale' — Il Manifesto
Esteban Mercatante: El valor de El Capital de Karl Marx en el siglo XXI — Izquierda Diario
Michael Roberts: La desigualdad a 150 años de El Capital de Karl Marx — Izquierda Diario
Ricardo Bada: El Capital en sus 150 años — Nexos
Christoph Driessen: ¿Tenía Marx razón? Se cumplen 150 años de edición de El Capital — El Mundo
Juan Losa: La profecía de Marx cumple 150 años — Público
John Saldarriaga: El Capital, 150 años en el estante — El Colombiano
Katia Schaer: Il y a 150 ans, Karl Marx publiait ‘Le Capital’, écrit majeur du 20e siècle — RTS Culture
Manuel Bello Hernández: El Capital de Karl Marx, cumple 150 años de su primera edición — NotiMex
Ismaël Dupont: Marx et Engels: les vies extravagantes et chagrines des deux théoriciens du communisme! — Le Chiffon Rouge
Jérôme Skalski: Lire Le Capital, un appel au possible du XXIe siècle - L’Humanité
Sebastiano Isaia: Il Capitale secondo Vilfredo Pareto — Nostromo

— Notas y reportajes de actualidad
Román Casado: Marx, Engels, Beatles, ese es el ritmo de Vltava — Radio Praga
María Gómez De Montis: El Manifiesto Comunista nació en la Grand Place — Erasmus en Flandes
Enrique Semo: 1991: ¿Por qué se derrumbó la URSS? — Memoria
Michel Husson: Marx, un économiste du XIXe siècle? A propos de la biographie de Jonathan Sperber — A L’Encontre
César Rendueles: Todos los Marx que hay en Marx — El País
Alice Pairo: Karl Marx, Dubaï et House of cards: la Session de rattrapage — France Culture
Sebastián Raza: Marxismo cultural: una teoría conspirativa de la derecha — La República
Samuel Jaramillo: De nuevo Marx, pero un Marx Nuevo — Universidad Externado de Colombia
Sergio Abraham Méndez Moissen: Karl Marx: El capítulo XXIV de El Capital y el “descubrimiento” de América — La Izquierda Diario
Joseph Daher: El marxismo, la primavera árabe y el fundamentalismo islámico — Viento Sur
Francisco Jaime: Marxismo: ¿salvación a través de la revolución? — El Siglo de Torreón
Michel Husson: Marx, Piketty et Aghion sur la productivité — A l’encontre
Guido Fernández Parmo: El día que Marx vio The Matrix — Unión de Trabajadores de Prensa de Buenos Aires
Cest: Karl Marx y sus "Cuadernos de París" toman vida con ilustraciones de Maguma — El Periódico
Leopoldo Moscoso: 'Das Kapital': reloading... — Público
Laura "Xiwe" Santillan: La lucha mapuche, la autodeterminación y el marxismo — La Izquierda Diario
José de María Romero Barea: Hölderlin ha leído a Marx y no lo olvida — Revista de Letras
Ismaël Dupont: Marx et Engels: les vies extravagantes et chagrines des deux théoriciens du communisme! — Le Chiffon Rouge Morlai
Francisco Cabrillo: Cómo Marx cambió el curso de la historia — Expansión
El “Dragón Rojo”, en Manchester: Cierran el histórico pub donde Marx y Engels charlaban "entre copa y copa" — BigNews Tonight
Marc Sala: El capitalismo se come al bar donde Marx y Engels debatían sobre comunismo — El Español

— Notas sobre debates, entrevistas y eventos
Fabrizio Mejía Madrid: Conmemoran aniversario de la muerte de Lenin en Rusia — Proceso
Segundo Congreso Mundial sobre Marxismo tendrá lugar en Beijing — Xinhua
Debate entre Andrew Kliman & Fred Moseley — Tiempos Críticos
David McNally & Sue Ferguson: “Social Reproduction Beyond Intersectionality: An Interview” — Marxismo Crítico
Gustavo Hernández Sánchez: “Edward Palmer Thompson es un autor que sí supo dar un giro copernicano a los estudios marxistas” — Rebelión
Alberto Maldonado: Michael Heinrich en Bogotá: El Capital de Marx es el misil más terrible lanzado contra la burguesía — Palabras al Margen
Leonardo Cazes: En memoria de Itsván Mészáros — Rebelión (Publicada en O Globo)
Entrevista con István Mészáros realizada por la revista persa Naghd’ (Kritik), el 02-06-1998: “Para ir Más allá del Capital” — Marxismo Crítico
Rosa Nassif: “El Che no fue solo un hombre de acción sino un gran teórico marxista” Agencia de Informaciones Mercosur AIM
Entrevista a Juan Geymonat: Por un marxismo sin citas a Marx — Hemisferio Izquierdo
Juliana Gonçalves: "El Capital no es una biblia ni un libro de recetas", dice José Paulo Netto [Português ] — Brasil de Fato
Entrevista a Michael Heinrich: El Capital: una obra colosal “para desenmascarar un sistema completo de falsas percepciones” — Viento Sur
Alejandro Katz & Mariano Schuster: Marx ha vuelto: 150 años de El Capital. Entrevista a Horacio Tarcus — La Vanguardia
Salvador López Arnal: Entrevista a Gustavo Hernández Sánchez sobre "La tradición marxista y la encrucijada postmoderna" — Rebelión
Jorge L. Acanda: "Hace falta una lectura de Marx que hunda raíces en las fuentes originarias del pensamiento de Marx" — La Linea de Fuego

— Notas sobre Lenin y la Revolución de Octubre
Guillermo Almeyra: Qué fue la Revolución Rusa — La Jornada
Jorge Figueroa: Dos revoluciones que cambiaron el mundo y el arte — La Gaceta
Gilberto López y Rivas: La revolución socialista de 1917 y la cuestión nacional y colonial — La Jornada
Aldo Agosti: Repensar la Revolución Rusa — Memoria
Toni Negri: Lenin: Dalla teoria alla pratica — Euronomade
Entretien avec Tariq Ali: L’héritage de Vladimir Lénine — Contretemps
Andrea Catone: La Rivoluzione d’Ottobre e il Movimento Socialista Mondiale in una prospettiva storica — Marx XXI
Michael Löwy: De la Revolución de Octubre al Ecocomunismo del Siglo XXI — Herramienta
Serge Halimi: Il secolo di Lenin — Rifondazione Comunista
Víctor Arrogante: La Gran Revolución de octubre — El Plural
Luis Bilbao: El mundo a un siglo de la Revolución de Octubre — Rebelión
Samir Amin: La Revolución de Octubre cien años después — El Viejo Topo
Luis Fernando Valdés-López: Revolución rusa, 100 años después — Portaluz
Ester Kandel: El centenario de la Revolución de octubre — Kaos en la Red
Daniel Gaido: Come fare la rivoluzione senza prendere il potere...a luglio — PalermoGrad
Eugenio del Río: Repensando la experiencia soviética — Ctxt
Pablo Stancanelli: Presentación el Atlas de la Revolución rusa - Pan, paz, tierra... libertad — Le Monde Diplomatique
Gabriel Quirici: La Revolución Rusa desafió a la izquierda, al marxismo y al capitalismo [Audio] — Del Sol

— Notas sobre la película “El joven Karl Marx”, del cineasta haitiano Raoul Peck
Eduardo Mackenzie:"Le jeune Karl Marx ", le film le plus récent du réalisateur Raoul Peck vient de sortir en France — Dreuz
Minou Petrovski: Pourquoi Raoul Peck, cinéaste haïtien, s’intéresse-t-il à la jeunesse de Karl Marx en 2017? — HuffPost
Antônio Lima Jûnior: [Resenha] O jovem Karl Marx – Raoul Peck (2017) — Fundaçâo Dinarco Reis
La película "El joven Karl Marx" llegará a los cines en el 2017 — Amistad Hispano-Soviética
Boris Lefebvre: "Le jeune Karl Marx": de la rencontre avec Engels au Manifeste — Révolution Pernamente

— Notas sobre el maestro István Mészáros, recientemente fallecido
Matteo Bifone: Oltre Il Capitale. Verso una teoria della transizione, a cura di R. Mapelli — Materialismo Storico
Gabriel Vargas Lozano, Hillel Ticktin: István Mészáros: pensar la alienación y la crisis del capitalismo — SinPermiso
Carmen Bohórquez: István Mészáros, ahora y siempre — Red 58
István Mészáros: Reflexiones sobre la Nueva Internacional — Rebelión
Ricardo Antunes: Sobre "Más allá del capital", de István Mészáros — Herramienta
Francisco Farina: Hasta la Victoria: István Mészáros — Marcha
István Mészáros in memoriam : Capitalism and Ecological Destruction — Climate & Capitalism.us