Ludwig Feuerbach ✆ Nayer |
As Teses
sobre Feuerbach foram escritas, ao que tudo indica, no mês de março de 1845
na cidade de Bruxelas num livro de notas (o primeiro de uma série de vinte
cadernos que cobrem o período de 1844 a 1881), anotações estas que se referem a
apontamentos pessoais,
além de pequenos textos sobre Hegel, a Revolução
Francesa, Proudhon entre outros. O texto encontra-se entre as páginas 53 e 57
do primeiro caderno, e que foram, no dizer de Engels (1888) “[...] notas para
desenvolvimento posterior, registradas rapidamente, em absoluto destinadas à
impressão, mas de valor inestimável como o primeiro documento em que foi depositado
o germe genial da nova concepção do mundo”. Este trabalho ficou inédito por
mais de quatro décadas, somente vindo à luz em 1888 com alterações introduzidas
por Engels para “ajudar/esclarecer” seu entendimento; vem daí também o título
pelo qual ficou conhecido: Teses sobre Feuerbach (Thesen
über Feuerbach) ao
invés do título dado por Marx – Ad Feuerbach. O
texto original, sem alterações, veio a público no ano de 1924 em uma tradução
para o russo com fac-símile do manuscrito original. Talvez não seja descabido
atribuir às teses o mesmo destino que Marx indicou para a obra A
ideologia alemã (rejeitada para publicação por motivos alheios à vontade de
seus autores e publicada somente em 1932): “deixamos voluntariamente o manuscrito
à crítica roedora dos ratos, pois havíamos alcançado o nosso objetivo
principal: a autocompreensão” (Marx, 1859).
A compreensão das próprias
ideias refere-se, nas Teses, à
superação das posições do materialismo e do hegelianismo a que Marx esteve, por
vezes, ligado em sua juventude (Löwy, 2002, p.165), caminhando na direção da
filosofia da práxis, com a qual irá romper com a tradicional separação entre
teoria e prática adotada desde a antiguidade, e empreender uma severa crítica
social e filosófica à sociedade. Neste sentido, apresentam diferentes níveis e
elementos de interpretação, notadamente no que se refere aos aspectos
epistemológicos, políticos e antropológicos (sobre estas questões ver: Bloch,
1959; Labica, 1987; Löwy, 2002; Bermudo, 1975; Nebreda, 2011, entre outros.)
O objetivo do presente estudo
não é empreender uma análise/interpretação filosófica do texto – trabalho este
já realizado em diferentes níveis e horizontes teóricos por inúmeros pensadores
nos últimos cem anos –, mas antes apresentar as opções de possíveis traduções
dos elementos desta obra, tentando explicar e explicitar os conceitos ali
presentes que guiaram a tradução.
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