

O marxismo é um pensamento de ruptura mas pode não sê-lo,
conforme sua apropriação e seu uso. Escobar, 1996, p.92 Introdução O marxismo
teve no ano de 1965 o lançamento de dois livros que marcariam profundamente não
apenas o campo teórico/filosófico, mas também o político: Pour Marx (PM) e Lire le
Capital (LC), de Louis Althusser. As duas obras não passaram despercebidas,
pois geraram um intenso e apaixonado debate tanto em torno de diversas questões
relativas à obra teórica de Karl Marx quanto em torno dos seus efeitos
políticos. As publicações de PM e LC estavam longe de reivindicar uma
neutralidade no campo teórico marxista, ou mesmo de serem obras puramente
teóricas e formais. Como observa o próprio Althusser em “Defesa de tese em
Amiens” (1998c), essas duas obras teóricas continham uma clara intervenção na
política e na filosofia marxistas reinantes, dominadas por leituras dogmáticas
marcadas tanto pelo viés economicista como pelo seu par humanista, que para
Althusser expressavam à época uma posição claramente direitista no marxismo.