Karl Marx ✆ João Paulo |
Lucas Carvalho Peto
Objetiva-se evidenciar e discutir os
fundamentos que tornam possível problematizar a questão da corporeidade [Leiblichkeit] em relação com o processo
de trabalho der Arbeitsprozeß] a
partir dos escritos de Marx. Para tanto, são apresentadas as críticas que Marx
dirige à concepção de subjetividade na filosofia de Hegel. Posteriormente,
elucidam-se alguns dos pontos principais da crítica de Marx à filosofia
pós-hegeliana. Por fim, apresentam-se os fundamentos categoriais do processo de
trabalho e a relação da corporeidade com este.
Introdução
O objetivo destas notas1 é apresentar e
analisar os fundamentos que possibilitam problematizar a questão da
corporeidade [Leiblichkeit] em relação com o processo de trabalho na filosofia
de Marx. Os debates acerca da corporeidade são,
concomitantemente, contemporáneos e históricos. A questão aparece de formas
distintas. A corporeidade é, com frequência, circunscrita sob a rigidez do binômio
mente-corpo. O corpo eclode como obstáculo às aspirações da razão ou se
configura como manancial primordial para a fuga das amarras da ilustração. A
corporeidade aparece também como processo orgânico transversal, o próprio
sujeito, ente criador. O corpo possui, igualmente, uma importância como
realidade histórica, porquanto nele “[...]
estão inscritas todas as regras, todas as normas e todos os valores de uma
sociedade específica” (Daolio, 1995, p. 105). Essas concepções perpassam
diferentes disciplinas e épocas.