20/9/16

Corporeidade e processo de trabalho na filosofia de Marx

Karl Marx ✆ João Paulo
Lucas Carvalho Peto

Objetiva-se evidenciar e discutir os fundamentos que tornam possível problematizar a questão da corporeidade [Leiblichkeit] em relação com o processo de trabalho der Arbeitsprozeß] a partir dos escritos de Marx. Para tanto, são apresentadas as críticas que Marx dirige à concepção de subjetividade na filosofia de Hegel. Posteriormente, elucidam-se alguns dos pontos principais da crítica de Marx à filosofia pós-hegeliana. Por fim, apresentam-se os fundamentos categoriais do processo de trabalho e a relação da corporeidade com este.
Introdução
O objetivo destas notas1 é apresentar e analisar os fundamentos que possibilitam problematizar a questão da corporeidade [Leiblichkeit] em relação com o processo de trabalho na filosofia de Marx. Os debates acerca da corporeidade são, concomitantemente, contemporáneos e históricos. A questão aparece de formas distintas. A corporeidade é, com frequência, circunscrita sob a rigidez do binômio mente-corpo. O corpo eclode como obstáculo às aspirações da razão ou se configura como manancial primordial para a fuga das amarras da ilustração. A corporeidade aparece também como processo orgânico transversal, o próprio sujeito, ente criador. O corpo possui, igualmente, uma importância como realidade histórica, porquanto nele “[...] estão inscritas todas as regras, todas as normas e todos os valores de uma sociedade específica” (Daolio, 1995, p. 105). Essas concepções perpassam diferentes disciplinas e épocas.