28/10/15

Dinâmica capitalista e as crises econômicas: a teoria marxiana como ponto de partida

Karl Marx ✆ Cacinho
Flávio Miranda   |   Uma das questões mais controversas na obra de Marx é o tema das crises econômicas. É muito comum, especialmente entre seus detratores, a ideia de que a Crítica da Economia Política concluía pela inevitabilidade da queda do capitalismo (e sua substituição pelo socialismo) a partir de uma crise que resultaria da identificada tendência à queda da taxa de lucro (é essa a caricatura que Thomas Piketty apresenta de Marx em seu O Capital no Século XXI). Esse é um determinismo mecânico-economicista absolutamente estranho à obra de Marx. Entre os marxistas, é bastante conhecido o longo debate em torno das causas das crises económicas 1 .

De nossa parte, devemos reconhecer que o próprio Marx não oferece um tratamento acabado do tema em O Capital (o que se justifica pelo escopo do estudo), nem em outros textos (encontram-se indicações importantes nos Grundrisse e no Teorias sobre a Mais-valia). Contudo, acreditamos que a teoria marxiana corresponda à perspectiva teórica mais profícua para tratar o fenômeno. Tal posição justifica-se pelo fato de que, em Marx, a dinâmica capitalista, isto é, o processo cíclico de acumulação de capital, deriva-se do movimento imanente a este modo de produção.