Karl Marx ✆ A.d. |
Wolfgang Leo Maar |
No marxismo clássico, a
determinação da consciência pelo ser ocorre numa concepção que enfatiza o
avanço na satisfação objetiva de carências como fome e miséria. A consciência
da solução de problemas leva a uma compreen-são da práxis como experiência
política de aparente paralisia, avessa a mudan-ças práticas. Mas esta é uma
compreensão falsa da práxis que só interessa à perpetuação do vigente e provém
da dominação resultante da sociedade baseada exclusivamente na mercantilização.
Na articulação de Marx com Adorno, como exposto na Dialética Negativa, a determinação da consciência pelo ser material
dá lugar a uma determinação materialista desenvolvida como experiência
filosófica de um primado dialético do
objeto. O objeto, prioritário na satisfação das necessidades humanas, é
apreendido também como mercado-ria, objeto “coisificado”. Para a revisão
adorniana, a determinação da cons-ciência deve levar em conta a produção
objetiva das carências: fome e miséria já não são só situações originárias, mas
resultantes do processo de acumulação de riqueza.
Adorno enfatiza que, numa
sociedade de abundância em que per-siste a fome como resultado das relações de
produção vigentes, estas devem ser objeto de transformação. A experiência
política deve levar em conta am-bas as dimensões do objeto expostas nessa
experiência filosófica: sua “face” no plano dos interesses materiais e sua
“careta” no plano da mercantilização objetiva decorrente das relações vigentes.
As determinações impostas pelo pla-no material, no âmbito da geração da sociedade e suas necessidades, não se
transferem imediatamente, mas apenas de modo mediado, à práxis na socieda-de,
com suas mercadorias. A perspectiva da experiência filosófica possibilita a compreensão
da práxis na sociedade mercantilizada
como experiência políti-ca, tanto de paralisia, quanto de crítica.
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