Karl Marx ✆ John Stiller |
Danilo Enrico Martuscelli
O debate acerca do tema das crises tem assumido centralidade
no momento. Diante da variedade de sentidos que se podem atribuir ao termo
crise e das diversas formas de manifestação desse fenômeno, sejam elas a
econômica, política, ideológica, optamos aqui por empreender um trabalho de
síntese que permita entrever a especificidade do conceito marxista de crise
política. Para tanto, procuraremos inicialmente observar como dois exemplos de
análise não marxista trataram dessa questão. Referimo-nos à análise
desenvolvida por Michel Dobry (1992) – que tem sua importância pelo fato de se
constituir numa das raras tentativas, senão a única, de sistematizar uma
sociologia (ou teoria) das crises políticas – e às interpretações pautadas na
ideia de governabilidade – as quais, embora enfatizem a ideia de estabilidade
política, oferecem um conjunto de noções práticas que se inscrevem na discussão
sobre a crise de governabilidade. Julgamos pertinente tomar essas duas
interpretações não marxistas como exemplos ilustrativos que permitem ao leitor
observar, ainda que sumariamente, o contraste teórico com a problemática
marxista. Salientamos, assim, que não é nosso objetivo fundamental empreender
uma crítica sistemática ao estado da arte das análises não marxistas do
conceito de crise política. Isso demandaria a elaboração de um outro artigo.